Galápagos
Américas
26, Maio, 2020

É curioso pensar no que podemos aprender viajando. 

Nos tempos em que vivemos, de realidades e inteligências artificiais, acredito que viajar é a forma mais autêntica de experimentar outra realidade e de testemunhar outras formas de inteligência. Por conta disso, temos tido cada vez mais interesse em destinos distantes, onde possamos usufruir de uma natureza (ainda) intacta. A adaptação, habilidade tão requisitada na nossa vida é, na verdade, um conceito universal do nosso planeta e que está em ação desde que o mundo é mundo. Nas ilhas de Galápagos, no Equador, é possível testemunhar isso de forma empírica. Cruzar o oceano sendo levado pelo vento e chegar numa ilha de areia vermelha, morros cobertos de árvores, clima nublado e focas (que nem ligam para a sua presença) e depois ir para outra ilha completamente diferente, com iguanas que nadam, lagartos gigantes, sol e clima árido, te faz compreender - mais que qualquer livro - sobre a idéia inicialmente proposta pelo Charles Darwin.



Quando o biólogo britânico visitou as ilhas, ele percebeu nos animais algumas alterações de acordo com cada ilha que ele passava. Isso a gente aprende na escola, mas quando você vê ao vivo um mesmo pássaro de patas azuis e há poucos quilômetros dali a mesma exata espécie só que de patas vermelhas, torna-se inquestionável a ideia de “ou você se adapta, ou morre” e seria impossível ter esse nível de entendimento sem ir pra lá. 

Na ilha dos blue-footed booby, nenhum red-footed booby sobreviveria.


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Antes de embarcar para as ilhas, uma parada em Quito para conhecer uma das capitais mais altas do mundo (2.850m acima do nível do mar) e assim entrar no clima da adaptação. A cidade tem um dos centros históricos mais bem preservados da América do Sul, que virou patrimônio histórico da UNESCO em 1978. Caminhar pelas ruelas observando as construções coloniais de cores diferentes é uma boa forma de primeiro contato com o país.


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Outra forma bem interessante de entrar no clima é caminhar por um vulcão! Isso mesmo, a capital do Equador fica encravada na Cordilheira dos Andes e é cercada por vulcões! A apenas 60 km do centro de Quito fica o Parque Nacional Cotopaxi, onde podemos encontrar cerca de 80 vulcões, muitos deles ainda ativos, inclusive o que deu nome ao parque e que é o vulcão ativo mais alto do mundo com 5.897 metros de altitude. Foi aí que a interação com nosso grupo começou, afinal nada mais bacana para unir uma galera até então desconhecida do que passar um perrengue junto.


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Parece brincadeira, mas a subida já começa do estacionamento localizado a 4.400 metros. Só fomos até o refúgio a 4.864 metros, mas foram os 464 metros mais cansativos da vida. Foram várias paradas no caminho e depois de quase 01h30 cheguei ao ponto final. Apesar da curta distância, a altitude realmente castiga, mas a dificuldade do caminho vale pela experiência de subir em um vulcão ativo, o frio e o ar rarefeito são apenas alguns dos ingredientes que ajudaram a compor esse momento.



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Devidamente descansados, seguimos no dia seguinte para o aeroporto onde voamos para a ilha de Baltra com uma breve escala em Guayaquil. De lá um curto traslado do aeroporto até o porto de onde embarcaríamos na nossa aventura no veleiro S/S Mary Anne. Existem muitas formas de se conhecer o arquipélago, desde se hospedar na ilha principal e de lá fazer passeios diários até cruzeiros maiores, iates de luxo, ou, como no nosso caso, em um veleiro! Pessoalmente acho a melhor opção se hospedar em uma embarcação porque os deslocamentos entre uma ilha e outra são longos. Se forem passeios diários, você vai ficar pouco tempo de fato nas ilhas.


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O nosso veleiro foi amor à primeira vista! E olha que essa foi a minha primeira experiência de hospedagem em uma embarcação.


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Nossa galera feliz no primeiro contato com o mar :)



E nosso querido capitão!


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Nosso itinerário foi pela parte leste de Galápagos, no mapa abaixo vocês conseguem ter uma ideia do arquipélago como um todo!


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A primeira tarde foi um passeio de barco para a Black Turtle Cove, uma grande lagoa de mangue localizada no norte da ilha de Santa Cruz. Como o próprio nome diz fomos ver as tartarugas em seu habitat natural. A vantagem de estar um um bote menor é poder chegar bem perto dos animais!


Perto o suficiente para ver uma tartaruga saindo da água para respirar.


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E logo no primeiro dia já fomos recompensados com um belo pôr do sol em alto mar


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Navegamos durante a noite toda e fomos até a ilha Genovesa, ver os pássaros e os outros habitantes na baía de Darwin, é uma experiência que nunca tínhamos vivido antes! 


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Você chega do lado deles e eles nem ligam para a sua presença, já que os habitats são extremamente preservados e o ser humano não é uma ameaça para os animais. A tarde continuamos na mesma ilha, porém vista do outro lado. Logo na subida para o El Barranco, essa foca fofíssima estava nos aguardando. 


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Lá de cima tivemos um visual lindo e pudemos observar algumas iguanas no caminho e também o voo dos pássaros. Difícil é identificar qual é qual em meio a tanta ação!



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Foi na ilha de Bartolomeu que na minha opinião tivemos uma das paisagens mais bonita, pitoresca, parecida com algum outro planeta no meio do mar, depois de subir muitas escadas, um mergulho mais do que merecido.


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Você percebe a riqueza da fauna e flora de Galápagos quando mergulha. É uma infinidade de espécies, que conseguimos ver também de perto por conta da água cristalina. São arraiais, estrelas do mar, infinidade de peixes e tubarão!


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O lado bom de se hospedar, novamente, em uma embarcação: saímos da água salgada, molhados e cansados e fomos recebidos com um delicioso ceviche! Mais fresco, impossível :) 


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Na ilha de Santa Cruz, na região do Cerro Dragon, vimos as famosas iguanas. Descobrimos serem ótimas modelos para fotos! Elas ficam paradas a maior parte do tempo, o suficiente para admirar o quanto são incríveis.


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Andando parecem desfilar…
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Para preservar tanto a experiência de quem visita as ilhas quanto o habitat dos animais, é comum ver navios “estacionados” na frente das ilhas e os passageiros se revezarem para descer, um grupo de cada vez.


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Essa viagem realmente é muito especial. Foram lindos dias de pôr do sol, uma navegação surpreendentemente suave, e amanheceres em lugares inóspitos que nos remete ao sonho de lugares ainda não explorados.


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Em uma terra praticamente intocada


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Para quem acha que ainda existe um ângulo melhor para se ver Galápagos, recomendo conversar com sua tripulação e pedir para subir no mastro e apreciar toda essa enxurrada de beleza do alto assim como fez o Fábio!


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Nós imaginamos e virou realidade. Para onde nossa imaginação vai nos levar da próxima vez ?